Pesquise

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Sobre mim.

Nos últimos meses as belas musicas cansaram meus ouvidos e acabaram soando como gritos amedrontados. Por isso perdi o costume de ouvi-las e senti-las.
A procura é ainda mais torturante quando acontece num total silêncio e escuridão. E são nas noites longas que crio coragem para ir tateando as paredes úmidas a procura da saída. Não sei até que ponto conseguiria aparecer com meu rosto pálido e cabelos desgrenhados por aí. Não sei até que ponto conseguiria dizer sobre minha doença e amargura. Não sei se aceitaria outro cão guia para me levar ao fim disso.
O início e o meio não justificaram o fim, e não há sinais nas esquinas. É apenas o senso de direção praticamente perdido que me faz dar passos trêmulos, e a chuva que me embriaga dando-me coragem para continuar.
É o que se ganha na perda: perde-se o prêmio principal, mas ganha-se o prêmio de consolação. A parte que todos rejeitam, mas, que sem querer, eu aceitei e acabei prendendo em mim. Agora se eu solto essa escuridão e tristeza, fico só de tudo! E hoje não perguntarei o que faço se ficar só, porque não obtive resposta das outras muitas vezes.
Então fica assim... eu continuo cuidando e cultivando esse sentimento que me destrói, eu continuo caminhando pelas noites escuras à caça de alguma saída. E, no mais, isso fica por aqui... sem que ninguém se interesse em ler, sem que ninguém ameace aparecer. Sem que nenhuma música volte a tocar...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

1, 2, 3...

Essa sou eu dizendo pra não chorar. Aqueles olhinhos gateados brilhando sem felicidade, brilhando por lágrimas. Essa sou eu desesperada por ter quem eu amo no chão. Essa sou eu enfraquecida de dor, sem força pra levantar-me, sem força pra levantar-te.
Diga-me, garota.. o que faço agora? Se ser ouvidos não te salva, se minhas palavras não te entorpecem a ponto de dar-te amnésia? Diga-me o quanto devo apertar esses teus ossinhos no meu abraço para que eu te conforte, para que essas lágrimas sequem. Me ajude a descobrir qual é o botão que aperto para voltarmos no início feliz.
Eu quero aquele dia no cemitério, para te ajudar a enterrar toda essa angustia infernal. Eu quero qualquer momento em que o seu sorriso seja inteiro, e que suas palavras rápidas sejam todas feitas da maior felicidade. Não nego que te quero assim por egoísmo, por pura vontade de me sentir fascinada com teu sorriso.. então, cure-se, benzinho. E me sorria aquele largo sorriso de manhãs cinzentas, ou cante músicas alegres de dias ensolarados. Não esqueça-se do mundo que ainda tens, nem das belezas que a cercam. Não deixe-se perder de tudo por ter perdido parte.
E saiba apenas que não te largo, que estarei sempre aqui desesperada procurando uma forma certa pra curar esse teu peito enfermo! Saiba que mesmo teu ar perverso de dor não me afastaria. Eu estarei aqui, até o meu ultimo dia quatro de fevereiro. Minha nana, minha amiga!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Estilhaços de medo.


Tem sido assustador não encontrar palavras, não encontrar formas e saídas. Tem sido desonesto sorrir com vontade de cair em prantos. Tem sido vazio.. mas isso não é uma novidade.
As palavras falham, embora sejam muitas na hora de voltar pra casa. As pessoas tem sido apenas cenário, já que não consigo mais me entender no meio delas. Tenho ouvido apenas ''não'' de todos os lugares, de todas as bocas. Tenho tentado correr por aquele caminho de sempre, mas ele não leva a lugar nenhum.. não mais.
O medo tem assoviado canções horripilantes em meus ouvidos, e o vento frio tem arrancado partes de mim. Não houve cor nessa primavera. Só vejo as folhas da árvore que tanto cuidei caídas pelo chão, sendo pisoteadas por estranhos distraídos. O outono veio com tudo esse ano, e o inverno foi ainda mais frio. Tornou aquele nosso campo verde e florido em um deserto pálido.. E na primavera, não houveram flores brotando pra dar vida. E em pouco tempo chega o verão, e me pergunto.. ele seria capaz de derreter essa pedra de gelo que há em meu peito? Ele seria capaz de me fazer parar de tremer? Ele seria capaz de trazer-me de volta minhas amadas borboletas?
Não sei, então resta-me apenas esperar pelo sol, aqui, encolhida na unica parte que ainda encontro intacta nesse meu mundo arruinado. Espero você bater em minha janela, sol. Espero por você, pra ter de volta um coração batendo e sangue correndo pelas veias. Espero pelo seu toque, pela sua alegria. Espero pela vida, pelos sorrisos, pelo calor dos abraços.
Anseio por você, alegria. Não tarde a voltar.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Depois...


E o tic-taquear do relógio nessa noite de domingo frio me lembra que talvez você apareça dentro de intermináveis quarenta e nove minutos.
Estive pensando bastante em você durante o dia. Na verdade, estive pensando bastante em você nesses últimos meses. Mas eu estava me encolhendo por detrás do escudo de ilusões que eu criei durante a minha outra batalha. Não adiantou muito, afinal sei que a decepção é inevitável. Então me rendo. Apenas isso: me rendo aos seus olhares, aos seus sorrisos, ao seu abraço, ao seu jeito, aos seus pedidos, a sua magia. Me rendo a você. Me rendo a tudo aquilo que eu evitei, mas que de uma forma improvável, veio até mim.
Quando abri os olhos hoje mais cedo, percebi que estou atrás da porta que disse que nunca iria entrar. É estranho o fato de que eu não sinta vontade alguma de sair daqui. Não é fácil deixar toda a dor pra trás, afinal, eu estava acostumada com a presença dela... por mais incômoda que fosse. Mas fico feliz por estar livre agora, pois posso lutar, me arriscar. Portanto, estou pronta para ir atrás de uma possível luta muito difícil. Não possuo mais medo de não retornar bem para casa, eu tenho apenas o medo de ficar aqui até a hora de vê-lo indo embora sem nada fazer. Eu não suportaria isso, sei o quanto dói.
Então agora vou vestir minha armadura, colocar no meu peito toda a coragem existente. E te mostrar que posso me arriscar a perder tudo, menos a sua presença aqui...
Porque eu te amo, e não aguentaria sentir novamente o frio de ficar sózinha.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

E ela então o esqueceu.


E não houve um dia em que ela não tenha sentido saudade, mas ao despertar nessa manhã ela pode sentir falta do semblante dele. Ela não sabia mais como eram aquelas mãozinhas que se mexiam pelo ar, não sabia mais como era o aperto que sentia na hora de ir embora.
Hoje de manhã, ao se espreguiçar, ela fechou os olhos e não conseguiu refazer o caminho para encontrá-lo. Ela não escutou o som da sua voz, nem se deparou com aquele sorriso que lhe fazia bem. Nessa manhã, ela se esqueceu de como eram fortes os braços que a prendiam. Se esqueceu do frio na barriga que sentiu ao vê-lo pela primeira vez. Se esqueceu de todos os carinhos, de todas as palavras, de todas as brincadeiras.
Hoje, pela primeira vez, ela não conseguiu se lembrar de como se sentiu no primeiro beijo. Não conseguiu encontrar o rosto dele entre os milhares que viu. Ela não conseguiu se lembrar de como era a sua respiração alta, e seu cheiro. Ela não sabia mais quem era a pessoa que tanto amou.
E ela sentiu saudade por se lembrar de como ela era feliz quando os dois ainda formavam um ''nós''. E chorou, pois agora ela sabia que o seu anjo havia partido de verdade.

sábado, 21 de maio de 2011

Milagres não acontecem aqui!

Divido-me entre as sílabas tristes da poesia real do mundo dos loucos egoístas, e as trovas felizes da surrealidade de meu mundo solitário...

E eis, que quando o relógio emparelha seus ponteiros à mostrar que já são seis da matina, e o gelo do mundo alcança meu rosto pálido, me estremeço por estar colocando os meus dois pés fora do calor de meus sonhos e de minha fantasiada vida feliz. Acordar não tem sido, nem de longe, o momento mais fácil de meus dias. Luto ferozmente para que meus olhos não se abram, para que meu sonho não seja rompido, ou pra que eu não comece a ver o teto branco.
O que é a vida real? O que é a minha vida real? É algo inexplicavelmente forte que me nocauteia, que me derruba ferozmente no chão. É algo que comprime meus ossos, meu peito, minha mente. É uma rotina assustadora que me lembra um filme de terror assistido de ponta cabeça, onde a minha poesia é solta através dos berros da musica de metal mais violenta. As flores que deveriam trazer felicidade, murcham dentro do vaso da mesa mais próxima. E o frio que deveria ser abortado com um abraço, continua aqui, congelando o que eu pensei um dia ser o sentimento mais bonito. A vida real tem sido um parque de diversões aterrorizante, com seus brinquedos quebrados, revirados.
Não é interessante acordar e perceber que está numa montanha russa descarrilhada, onde você esta preso por uma fina linha, prestes a cair de uma enorme altura. Não é interessante assustar-se com carrosséis, mas eles estão em labaredas. Não é bom abrir os olhos e estar dentro de um trem fantasma. Não é bom abrir os olhos.
Coloro sonhos desde o azul ao cor de rosa, mas aqui fora só há espaço para tons de cinza. Asseguro em meu mundo, a esperança de um dia me desprender dessa realidade que me perturba. Durante meus sonhos essa noite, esperarei por milagres. Mas milagres não acontecem aqui!