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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Alaranjado


Não há nada de amor a escrever, não houve poesia.
De repente se viu de saltos azuis, estava quase nua naquela sala.
No reflexo do espelho, via uma mulher bonita pela primeira vez. Via uma mulher sem medo, calma, determinada. Uma mulher que sabia que não seria ali, mesmo quando o corpo dele provocava. Fez tudo que pareceu lhe apetecer, dançou.
Em poucos instantes, já não via nada além de uma cor intrigante. Roçou no corpo dele, dançou por entre os móveis, mudou de lugar. Correu os olhos e as mãos por todas as partes, que eram sempre da mesma cor. 
Mais tarde, percebeu que aquele tom não chegou a cativar, e que o abraço não a prendeu. Se viu correndo, mas sem saber porque. Esperou mais um pouco, queria ouvir. O ruído da voz que ele não tinha, não a agradou. Ela esperava mais dos carinhos e olhares.
Se viu ali, de saltos azuis, quase nua naquela sala... mas apenas viu a si, tão bonita e doce, que contentou-se com os seus próprios olhos sorridentes refletidos, e entendeu que poderia dançar e amar o quanto quisesse, se aquilo a tornasse verdadeiramente mulher.

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